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Mostrando postagens com o rótulo Esopo

A Rata do Campo e a Rata da Cidade

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 Uma Rata da Cidade foi visitar uma parente sua que morava no campo. Para o almoço, a Rata do Campo serviu cachos de trigo, raízes, com um bocado de água fria para beber. A Rata da Cidade comeu quase nada, tirando um pouquinho disso e tiquinho daquilo, deixando bem claro pelo jeito de fazer isso que estava comendo aquela comida simples apenas para não ser rude. Depois da refeição, as amigas tiveram uma longa conversa, ou melhor, a Rata da Cidade falou muito sobre sua vida urbana, enquanto a Rata do Campo ouvia. Depois, elas foram dormir em um ninho aconchegante, na cerca de arbustos e descansaram calma e confortavelmente até o amanhecer.  Durante o sono, a Rata do Campo sonhou que ela era a Rata da Cidade, com todos os luxos e conveniências da vida na cidade que sua amiga lhe tinha descrito. No dia seguinte, quando a Rata da Cidade convidou a Rata do Campo para ir com ela à cidade, ela aceitou alegremente. Quando chegaram na mansão em que a Rata da Cidade vivia, encontraram um...

Um Chocalho na Gata

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Uma vez, os Ratos convocaram uma reunião para traçar um plano para se livrarem de sua inimiga, a Gata. Eles queriam pelo menos encontrar uma maneira de saber se ela estivesse chegando, para que tivessem tempo de fugir. De fato, algo tinha de ser feito porque, por causa do medo constante de caírem nas garras dela, eles dificilmente saíam de suas tocas, fosse noite ou fosse dia. Eles discutiram muitos planos, mas nenhum parecia adequado. Por fim, um ratinho muito jovem se levantou e disse: - "Eu tenho um plano que pode parecer muito simples, mas tenho certeza de que vai funcionar. Tudo o que temos de fazer é pendurar um chocalho no pescoço da Gata. Quando a gente ouvir o chocalho bater, vamos saber imediatamente que nossa inimiga está chegando." Todos os Ratos ficaram admirados de nunca terem pensado nisso antes. Enquanto eles se alegravam em rebuliço com grande ideia, um velho Rato se levantou e disse: - "Eu diria que o plano do jovem Rato é muito bom. Eu só tenho uma per...

A fábula: presente duplo

Duplex libelli dos est: quod risum movet, Et quod prudenti vitam consilio monet. -- PHAEDRUS,  Fábulas , I, Prólogo 3. A fábula é caracterizada por uma narrativa curta com um significado oculto não tanto expresso pela linguagem quanto pela habilidosa representação do mundo humano em personagens do mundo animal. O propósito maior da fábula é o de instruir, inculcar alguma máxima moral ou dever social. A estratégia do fabulista é neutralizar a superioridade de quem dá conselhos, que muitas vezes resulta na rejeição do conselho dado, por introduzir elementos considerados inferiores com histórias que ecoam cenas do mundo real. Desse modo, ele mescla instrução e divertimento no mesmo quadro.  A leitura das fábulas pode ser enriquecedora. Convido você a ler algumas de minhas traduções das fábulas de Esopo. Dupla dádiva neste meu livro jaz; Que te fará feliz e te fará sagaz. 

O Urso e a Raposa

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The Bear and the Fox A Bear boasted vey much of his philanthropy, saying that of all animals he was the most tender in his regard for man, for he had such respect for him that he would not even touch his dead body. A Fox hearing these words said with a smile to the Bear:             -    Oh! That you would eat the dead and not the living. O Urso e a Raposa Um Urso se gabava muito de sua generosidade, dizendo que, de todos os animais, era ele o mais terno em sua consideração para com o homem, pois ele tinha tanto respeito que nem mesmo tocaria um cadáver humano. Uma Raposa que escutava essas palavras disse ao Urso com um sorriso: - Se assim fosse, você comeria os mortos, não os vivos.

A Romãzeira, a Macieira e o Espinheiro

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A Romãzeira e a Macieira discutiam sobre qual delas era mais bela. Quando a disputa estava no clímax, um Espinheiro duma cerca vizinha ergueu a voz e disse em jactancioso tom: - Rogo, queridos amigos, pelo menos em minha presença, parem com essa disputa vã. -------- Aquele que é incapaz de enxergar seus próprios defeitos, talvez jamais consiga ver nos outros beleza.

O Grilo e as Formigas

As FORMIGAS  gastavam seu belo dia de inverno em secar os grãos colhidos no verão. Um Grilo  que estava perecendo de fome, passou por elas e suplicamentemente pediu que lhe dessem um pouco de comida. As Formigas  perguntaram: - Por que não juntaste comida durante o verão? Ele respondeu: - Não tive tempo suficiente. Passei os dias a cantar. Elas então disseram, em escárnio: - Se foste suficientemente tolo para cantar durante todo o verão, deves dançar para a cama sem jantar no inverno. ------- A sabedoria prática preserva vivos os que a possuem.

No Reino do Leão

AS FERAS  de todos os campos e florestas tinham o Leão como seu rei. Ele não era irascível, nem cruel, nem tirânico; ao contrário era tão justo e bondoso quanto um rei poderia ser. Durante seu reinado ele fez uma proclamação real para uma assembleia geral de todos os pássaros e feras, e criou condições para uma liga universal, na qual o Lobo e o Cordeiro, a Pantera e o Cabrito, o Tigre e o Veado, o Cachorro e a Lebre, pudessem viver juntos em perfeita paz e amizade. A Lebre disse: - Ó, quanto ansiei eu ver este dia, dia em que os fracos ocuparão seu lugar ao lados dos fortes impunemente. Tendo dito isso, a Lebre correu para salvar sua vida. O seguro morreu de velho, e o desconfiado está vivo até hoje.

Pai e Filhos

Um PAI tinha vários filhos que vivam discutindo e brigando entre si. Quando não mais pode sanar suas disputas através de conselhos, ele decidiu dar-lhes uma lição prática sobre os males da desunião. Para esse fim, ele um dia disse-lhes que amarrassem um feixe de varas e o trouxessem a ele. Quando os filhos o atenderam, ele colocou o feixe nas mãos de cada um deles, sucessivamente, e ordenou-lhes que o quebrassem em pedaços. Eles tentaram com todas as forças que tinham, mas foram incapazes de fazê-lo. A seguir, o PAI  desatou o feixe, apanhou as varas separadamente, uma a uma, e novamente colocou-as nas mãos de seus filhos, após o que eles facilmente as quebraram. Ele então dirigiu-lhes as seguintes palavras: - Meus filhos, se vocês tiverem um só pensamento, e se forem unidos para ajudar um ao outro, vocês serão como esse feixe, inabaláveis diante de quaisquer ataques de seus inimigos; mas se houver divisões entre vocês, serão tão facilmente quebrados quanto essas varas....

O Carvoeiro e o Lavadeiro

Um CARVOEIRO cuidava de seus negócios em sua própria casa. Um dia ele encontrou um amigo, um Lavadeiro , e convidou-o para morarem juntos, dizendo que eles deveriam ser os melhores companheiros e que suas despesas de manutenção  da casa poderiam ser reduzidas em muito. O Lavadeiro respondeu: - Tanto quanto posso perceber, isso é impossível, pois qualquer coisa que eu devesse clarear, você poderia imediatamente manchar de novo com seu carvão. Queira ficar com seus iguais.

O Leão e o Rato

Um LEÃO foi acordado de seu sono por um Rato  que corria sobre sua face. Levantando-se furiosamente, ele apanhou o rato  e estava prestes a matá-lo, quando o Rato copiosamente suplicou, dizendo: - Se apenas poupares minha vida eu me certificarei de retribuir à tua bondade. O Leão riu-se e o deixou ir embora. Aconteceu pouco tempo depois que o Leão  foi capturado por alguns caçadores que o amarraram com cordas fortes ao chão. O Rato, reconhecendo seu grunhido, veio e roeu as cordas com seus dentes, e o libertou, exclamando: - Tu ridicularisaste a ideia de eu ser alguma vez capaz de ajudar-te, não esperando de mim qualquer retribuição por teu favor; agora tu sabes que é possível mesmo para um Rato conferir o bem a um Leão. ----------- Tradução de Wisley Vilela.

O Lobo e o Cordeiro

Um LOBO, ao encontrar um Cordeiro desgarrado do rebanho, decidiu, ao invés de deitar mãos violentas sobre ele, encontrar alguma razão para justificar ao Cordeiro seu direito de comê-lo. Então ele lhe disse: - Seu tratante, você me insultou rudemente no ano passado. - Como? - redarguiu o Cordeiro num tom choroso de voz - eu não havia nascido ainda. O Lobo então disse: - Você pastou em meus campos. - Não, bom senhor, - respondeu o Cordeiro - ainda não senti o gosto de grama. Novamente o Lobo disse: - Você bebeu água de meu poço. - Não, - exclamou o Cordeiro - eu nunca bebi água, pois o leite de minha mãe é para mim tanto comida quanto bebida. Após isso, Lobo agarrou e comeu o Cordeiro, dizendo: - Bem! Não vou ficar sem minha ceia, embora você refute cada uma de minhas acusações. Moral: O tirano sempre encontrará pretexto para sua tirania.